Ampliar o número de programas de televisão que disponibilizam o recurso da audiodescrição foi a tênue dos debates de deputados e especialistas durante seminário realizado, na semana passada, na Câmara Federal, que durante sua realização contou com o recurso da audiodescrição e também com interpretes da língua brasileira de sinais (Libras). O presidente da Organização Nacional dos Cegos do Brasil, Moisés Bauer, destacou que o recurso é utilizado de modo insuficiente. Ele considera que as duas horas semanais previstas em portaria ministerial, desde o dia 1º de julho, representa muito pouco, uma vez que a obrigação fica limitada às cidades que contam com cobertura do sinal digital. Bauer criticou a norma por não disciplinar quais tipos de programas devem ocupar esse espaço, e corre o risco, em sua opinião, de que sejam ocupadas com atrações com baixo apelo de audiência.
A presidente da Frente Parlamentar mista em Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, deputada Rosinha da Adefal (PTdoB-AL) também defendeu maior presença da audiodescrição em programas de TV, além de eventos e em outras atividades. “A aparência da gente diz muito do que queremos ou fazemos, às vezes muito mais do que a própria fala. Essa tecnologia proporciona que a pessoa tenha a noção real do que está acontecendo na cena”, ressaltou a parlamentar.
Já o representante da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Rodolfo Machado Moura, salientou que a audiodescrição é um dispositivo novo e que os canais precisam de um período de adaptação. Segundo ele, as TVs encontram dificuldades para disponibilizar o recurso num leque maior de programação. Moura considerou ainda a portaria do Ministério das Comunicações precipitada, uma vez, em sua opinião, que não se adapta a todos os tipos de programas, como os veiculados ao vivo e os de cunho jornalístico. Ele advertiu para a falta de profissionais capacitados no mercado para esse serviço.
Definir o que é relevante para ser descrito, é outra dificuldade que as emissoras de televisão vem enfrentando, na avaliação de Rodolfo Moura. “As pessoas que trabalham na televisão têm uma dificuldade natural de perceber o que o deficiente visual almeja, até porque existem diferentes níveis de deficiências, com percepções diferentes do mundo”, sustentou.
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Dep.Rosinha da Adefal: tecnologia permite que deficiente visual tenha real noção do que ocore na cena. Foto: Brizza Cavalcante |
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