No momento em que o
mundo discute sustentabilidade e os rumos de como o meio ambiente deverá ser tratado
no Rio de Janeiro, a cidade apresenta exemplos de que nem todos os cidadãos
podem participar ativamente da Conferência Mundial Rio+20. Deficientes físicos
e defensores da causa apontam falhas da organização e desrespeito às leis e aos
direitos civis.
A assistente social Francine Dias lembra que
faltavam intérpretes de língua de sinais, pois, segundo ela, voluntários desistiram
de participar do evento, prejudicando a devida participação dos surdos. O
material distribuído também é alvo de críticas. Francine adverte que não havia material
disponibilizado em braile ou em letras ampliadas, necessárias para os
deficientes visuais. Na cinemateca, salienta, não há o recurso da
audiodescrição. Vários locais não possuem também pisos táteis, pelos quais as
pessoas cegas ou com baixa visão se orientam com o auxílio de bengala.
O deficiente visual
Carlos André reclama das condições oferecidas ao acesso do Vivo Rio, no Parque
do Flamengo, local da Cúpula dos Povos. Ele afirmou ter ficado desnorteado com
a falta de acessibilidade do local e precisou da ajuda de amigos para se
deslocar. Por estas razões, André rejeita o título de acessível ao encontro.
A experiência de Heitor
Luiz Neto de acompanhar as atividades da Rio+20 no Forte de Copacabana se revelaram
uma autêntica saga. As dificuldades começaram quando tentou encontrar vaga
exclusiva para deficientes nas imediações. A maioria estava reservada para as
comitivas da Conferência, como atestavam diversos avisos da Cet-Rio ao longo da
Avenida Atlântica. Em uma delas havia um pino posicionado bem ao lado da faixa,
dificultando o acesso aos veículos. Heitor lembra ainda que nas proximidades
dos hotéis carros destinados aos participantes ficam estacionados sobre as
calçadas, atrapalhando a passagem de cadeiras de rodas. Sua opção de procurar
uma vaga em via pública se deu em razão das duas vagas destinadas a deficientes
no Forte não estarem liberadas, e no Clube Marimbás, ao lado, não era permitido
o estacionamento.
Assistir ao filme
Herois do Futuro em 3D instalado em ônibus da Federação das Indústrias do Rio, estacionados
em dois pontos da Avenida Atlântica, requer dose de boa vontade dos deficientes
físicos. O acesso ao coletivo é feito por uma escada e não há rampas. Indagados
a respeito, os funcionários disseram ao RIO COMUNIDADE que ainda não receberam
a visita deficientes ao local. Na praia do Leme, o stand do programa Morar
Carioca conta com rampa de acesso para que os deficientes físicos possam conhecer
os programas da Prefeitura do Rio. Os folhetos, no entanto, não têm versão em
braile e os vídeos só apresentam narração em português.
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Carros estacionam nas vagas destinadas a deficientes em Copacabana |
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Veículos de comitivas da Conferência tomam conta da calçada junto aos prédios na Av.Atlântica. |
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"Pirulito" dificulta acesso de deficientes nas vagas destinadas. |
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Ônibus da Firjan não conta com rampa para ver animação "Herois do Futuro" em 3D. (fotos:Heitor Luiz Neto) |